Com pouco espaço, muita tecnologia e um olhar afiado para o futuro, dois amigos — um engenheiro-agrônomo e o outro administrador — de Porto Alegre, capital gaúcha, decidiram transformar anos de conversas em ação. Henrique Dalanhol e João Matheus de Souza se uniram para investir no setor agrícola e criaram a DalaSouza, empresa dedicada à produção de microverdes. Mas eles não estão sozinhos nessa jornada, as fazendas urbanas, especialmente as verticais, estão se tornando cada vez mais presentes nas cidades.
O fenômeno das fazendas urbanas
Oferecendo uma alternativa moderna para a produção de alimentos frescos e sustentáveis, essas fazendas aproveitam espaços urbanos subutilizados, como telhados, garagens, quintais, contêineres e terrenos ociosos.
Vale reforçar que essa não é uma ideia que surgiu ontem: as primeiras iniciativas de agricultura urbana surgiram na década de 60, como uma importante arma na luta contra a insegurança alimentar.
Hoje, o contexto se intensificou. Com a valorização das áreas de terra, entrar no mercado tradicional do agro representa um desafio considerável para novos empreendedores, com investimentos iniciais que ultrapassam muitas vezes meio milhão de reais. Em contrapartida, modelos como o das fazendas urbanas têm um custo de entrada muito menor e oferecem a possibilidade de produzir localmente, dentro das cidades.
E diante desse cenário, surge uma pergunta cada vez mais relevante: por que importar comida de longe, gerar emissões de carbono e envolver tantos intermediários, se é possível cultivar alimentos onde as pessoas estão, de forma eficiente e sustentável — tanto do ponto de vista ambiental quanto financeiro?
As fazendas urbanas vêm mostrando que isso é possível. Com o apoio de tecnologias como cultivo vertical, hidroponia e ambientes controlados, elas permitem o cultivo de uma ampla variedade de alimentos: vegetais, cogumelos, temperos, ervas medicinais e, claro, os microverdes — protagonistas dessa nova geração de hortas urbanas.
O que são microverdes?
Talvez você ainda não tenha ouvido esse nome, mas os microverdes já fazem parte da rotina de chefs, nutricionistas e pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. São plantinhas colhidas ainda jovens, entre 7 e 14 dias após a germinação, e que concentram uma carga altíssima de sabor.
Além do sabor marcante, são funcionais: estudos mostram que os microverdes podem conter até 40 vezes mais nutrientes do que suas versões adultas. E o melhor — crescem rápido, ocupam pouco espaço e não precisam (e nem podem) receber agrotóxicos.
Na produção dos microverdes cada bandeja é cultivada com precisão, sem desperdício de água e com controle total do ambiente.
Colher o futuro hoje
A inovação não precisa vir de grandes corporações ou investimentos milionários — ela pode nascer da amizade, propósito e vontade de fazer diferente, como no caso da DalaSouza. Em meio ao concreto das cidades, onde espaço é luxo e o tempo é curto, brotam ideias como essa, que unem sustentabilidade, tecnologia e empreendedorismo local.
Seja em uma garagem, no topo de um prédio ou dentro de um contêiner, o futuro da alimentação pode estar mais perto do que imaginamos — e mais verde também.
